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Solange Escosteguy
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Solange Escosteguy

CURRICULUM VITAE
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Nasceu em Porto Alegre, em 1945. Viveu e trabalhou no Rio de Janeiro, Paris, Milão, Budapeste, Brasília, Washington, Montevidéu, N. York e Santiago. Vive em Montevidéu desde março de 1999.

exposições individuais

1966- Galeria Guignard, Belo Horizonte - "A arte de Solange Escosteguy e Antonio Dias", arte de vestir;
Salão da Moda, Rio de Janeiro, arte de vestir;
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - "Um happening", coreografia de Yole de Freitas e cenografia de Antonio Dias, arte de vestir;
1967- Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - "Desfile happening", cenografia de Hélio Oiticica, música de Walter Smetak e coreografia de Renée Welle, arte de vestir;
1974- Galeria Múltipla, Brasília, objetos;
1977- Centro de Arte Cresça, Brasília - "Formas Vivas", com os professores e alunos do Cresça, arte de vestir;
1978- Fundação Cultural do Distrito Federal, Brasília - "Construções", objetos;
1979- Grupo Ensaio, Brasília, com o Grupo de Teatro e Dança Ensaio, arte de vestir;
Fundação Cultural do Distrito Federal, Brasília - "A Arte de Solange Escosteguy e de Minnie Sardinha", arte de vestir;
1981- Art Barn Gallery, Washington, pinturas e arte de vestir;
Touchstone Gallery, Washington - "Constructions", esculturas, objetos e desenhos;
1983- California State Polytechnic University, Pomona - "Tensions", pinturas e objetos;
San Diego University, San Diego - "Tensions", pinturas e objetos;
Brazilian American Cultural Institute, Washington - "Tensões", pinturas e objetos;
1984- Centro de Artes e Letras de Punta del Este - "Arte e Movimento I", pinturas e arte de vestir;
Museu de Arte Contemporânea, Montevidéu -"Segmentos", pinturas e objetos;
1985- Centro de Artes e Letras de Punta del Este - "Arte e Movimento II", arte de vestir;
Galeria Aramayo, Montevidéu - "Formas Vivas", pinturas, objetos e arte de vestir;
Centro de Estudios Brasileños, Buenos Aires - "Segmentos", pinturas e arte de vestir;
1986- Galeria Singular, Porto Alegre - "A Arte de Vestir - Formas Vivas", pinturas e arte de vestir;
1987- ARA, Escritório de Arte, Brasília - "Formas Vivas", pinturas e arte de vestir;
1988- Clube do Exército, Brasília - "Formas Vivas III", arte de vestir;
1989- Galeria Itaú, Brasília - "Construções", objetos;
1995- Corporación Cultural de Las Condes, Santiago - "Zonas de Silêncio", relevos em papel maché;
1996- Centro Cultural Benjamin Carrion, Quito - "Zonas de Silêncio", relevos em papel maché;
1997- Villa Riso, Rio de Janeiro - "Zonas de Silêncio", relevos em papel maché;
Galeria Marisa Soibelmann, Porto Alegre - "Zonas de Silêncio", relevos em papel maché;
1998- Casa Thomas Jefferson, Brasília - "Alquimia Sentimental", relevos e esculturas em papel maché.
2000- Regalarte - Sylvia Arrozes, Montevidéu - arte de vestir, desfile.
2001- Molino de Pérez, APEU Artistas Visuales, Montevidéu - "A Segunda Pele - o corpo e o poder", relevos e esculturas em papel maché, e chales em seda;
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro - "A Segunda Pele", relevos e esculturas em papel maché, e chales em seda.

exposições coletivas

1964- Galeria Vila Rica, Rio de Janeiro, pinturas;
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - "Exposição anual de artesanato do MAM", arte de vestir;
1965- Bienal de Artes Aplicadas de Punta del Este, arte de vestir;
1966- Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - "Salão de abril", objetos;
Galeria Relevo, Rio de Janeiro - "Supermercado 66", objetos;
Galeria Convivium, Salvador - "Ponto de vista", objetos;
Bienal da Bahia, Salvador, objetos;
1967- Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - "Nova objetividade brasileira", objetos;
XVI Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, objetos;
1969- Galeria Il Discanto, Milão, jóias em couro e metal;
Galeria Bricabrac, Milão, jóias em couro e metal;
1973- XXIII Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, objetos;
I Salão Global da Primavera, Brasília, objetos;
1974- XXXI Salão de Arte do Estado do Paraná, Curitiba, objetos;
1975- XXIV Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, objetos;
III Salão de Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, objetos;
Museu de Arte Moderna de São Paulo - "Panorama da Arte Atual Brasileira", artista convidada, objetos;
1978- Galeria de Arte Aplicada, São Paulo, arte de vestir;
I Documenta de Arte Contemporânea, Brasília, objetos;
Fundação Armando Alvares Penteado, São Paulo - "O Objeto na Arte Brasileira dos Anos 60", artista convidada;
Funarte, Brasília, "minitrabalhos", objetos;
1979- Galeria Oscar Seraphico, Brasília - "Brasília Arte-Hoje", objetos;
Salão do Clube do Exército, Brasília, artista convidada, objetos;
II Documenta de Arte Contemporânea, Brasília, objetos;
1981- The District Building, Washington - "A slice of Washington art", desenhos;
1990- Salão Nacional de Artesanato, São Paulo, arte de vestir;
1992- XVI Festival Anual de Artesanato do Lincoln Center, American Concern for Art and Craftsmanship, N. York, arte de vestir;
1993- XVII Festival Anual de Artesanato do Lincoln Center, American Concern for Art and Craftsmanship, N. York, arte de vestir;
1997- ECT Galeria de Arte, Brasília - "Eixo Brasília-Rio", relevos em papel maché.
Espaço Cultural Banco Central do Brasil, Brasília - "Transmudamentos", relevos em papel maché;
Palácio das Convenções, Parque Anhembi, São Paulo - "Papel Arte", Club Latinoamericano de Papeleros, relevos em papel maché;
1998- Fundação Cultural do Distrito Federal - "Panorama das Artes Visuais do Distrito Federal", Sala Martins Penna, relevos em papel maché;

Liceu de Artes e Ofícios, São Paulo - "Artistas Contemporâneos de Brasília", relevos em papel maché;
Fundação Cultural do Distrito Federal, Brasília - "Cien Recuerdos para Garcia Lorca", relevo em papel maché;
ECT Galeria de Artes, Rio de Janeiro - "Questões diversas", relevos em papel maché;
Casa Thomas Jefferson, Brasília - "Artistas Contemporâneos de Brasília", relevos em papel maché;
Caelum Gallery, Nova York - "Art from Brasília", relevos em papel maché;
1999- Fundação Cultural do Distrito Federal, Brasília - "Registros", relevos e esculturas em papel maché;
Museu de Arte Contemporânea, Montevidéu - "Registros", relevos e esculturas em papel
maché;
2002- Galeria del Paseo, Montevidéu - "Arte para usar", objetos em papel maché e chales em seda; e
2003- Vida Interior, Montevidéu, "design" para decoração da casa.

exposições virtuais

1998- "Artistas Contemporâneos de Brasília", site: www.coresbrasil.com.br
2001- "Arteuy", site: www.arteuy.com


bibliografia

Pontual, Roberto- Dicionário de Artes Plásticas do Brasil, Rio de Janeiro, Editora Civilização Brasileira, 1969.
Cavalcanti, Carlos et allii- Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos, Brasília, Ministério da Educação e Cultura, 1974.
Figueiredo, Aline- Artes Plásticas no Centro Oeste, Cuiabá , Universidade Federal do Mato Grosso, 1979.
Peccinini, Daisy Valle Machado et allii- O Objeto na Arte Brasileira dos Anos 60, São Paulo, Fundação Armando Alvares Penteado.
Lima, Marisa Alvarez- Marginália, Arte & Cultura "Na Idade da Pedrada", Rio de Janeiro, Salamandra, 1996.
Rosa, Renato & Presser, Decio- Dicionário das Artes Plásticas no Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1997.
Tommasi, Walter - Artistas Contemporâneos de Brasília, CD, Cores do Brasil Art Gallery, São Paulo, 1998.
Peccini de Alvarado, Daisy Valle Machado- Figurações Brasil - Anos 60, EDUSP/Itaú Cultural, São Paulo, 1999.

prêmios

1974- XXXI Exposição de Arte do Estado do Paraná
1978- I Documenta de Arte Contemporânea, Brasília.

excertos de trechos críticos


Hélio Oiticica ("As criações de Solange Escosteguy" - 1967)

O requinte geralmente emprestado às confecções femininas em geral, pelos costureiros, reside na adaptação à idéia geral das mesmas de materiais caros, de luxo, que fazem com que valham mais, ou menos, conforme o caso. Para Solange Escosteguy porém esse requinte não está forçosamente ligado ao preço do material, mas às suas idéias plásticas de desenho e cor. Solange não se quer deixar enfeitiçar pelos excessos, pela aplicação sobre a idéia de enfeites extra-confeccionados, mas quer que a própria forma, o corte geral de cada peça, nasça de uma só idéia, que se prolonga na confecção total, completando-se com o desenho contínuo e a cor, sempre altamente plásticos. Isso decorre de um dom inato na artista para o desenho, para a linha, que se desenvolve aqui, em cada nova peça, com uma riqueza inventiva muito grande. As formas nascem de um modo contínuo, envolvem-se topologicamente por toda a peça, e surgem então as aparências mais inesperadas: são como que formas vegetais surgidas do âmago da natureza, como que sugeridas por vegetações tropicais, por vezes carregadas de certa dose de vivências subjetivas, o que lhes empresta um caráter estranho, por vezes insólito. Isso, porém, de modo muito sutil. Solange é, na verdade, antes de mais nada, pintora; eis porque suas concepções plásticas vêm, também, como não poderia deixar de ser, impregnadas desse subjetivismo, mas sempre traduzindo-se em idéias plásticas, em linha-forma-cor. Ao criar, desde princípio de 66, seus primeiros objetos ( a que designo como anti-caixas e supra-relevos), não houve qualquer quebra ou descontinuidade entre as duas atividades. Passa ela de uma a outra, como se isso enriquecesse e desse expansão ao seu desejo incontido de se expressar mediante a cor e a forma, que se erguem, a cada nova obra, em novas proposições. Nas roupas, dá forma a um sentido decorativo inato, de uma clareza matisseana, de uma robustez plástica impressionante: a cor, decorativa, vibra por vezes em tons surdos mas sempre de natureza interior, que se acrescenta à vibração inerente à cor, na origem. Quando cria então seus primeiros relevos (ou supra-relevos), estes são como que um prolongamento desta primeira atividade - procura ela dar então uma estrutura puramente plástica às suas idéias anteriores, que fluem organicamente, como uma necessidade. Vai direto ao relevo-caixa, onde a forma de tronco trapezóide, logo no primeiro, é como que desmanchada virtualmente pela pujança da forma-cor que a envolve. Eis porque , ao se repetir de modo contínuo essa quebra de volumes, essa construção e reconstrução dos volumes pela forma-cor pintada continuamente sobre a superfície transformando-a topologicamente, que nasce então um conceito a que chamei de supra-relevo ou anti-caixa ---->a caixa aqui é relevo, mas deixa de ser 'forma-caixa' porque a artista não está preocupada querendo esquematizar a idéia construtiva na caixa, ou na sua forma, mas quer, com isso, criar uma ambivalência entre forma-cor e espaço e a forma-caixa ou relevo, onde a visão continuamente flua para dentro, para fora, por trás, pela frente. Para isto usa a cor em toda a sua vibração, de modo altamente decorativo, onde transparece toda a sua alegria de criar, que é, a meu ver, o mais importante da sua atitude frente às solicitações criativas. Penso por vezes em Sophie Tauber-Arp, só que em Solange, o idealismo que era o da pintora suíça é aqui, no seu tropicalismo inevitável, uma disponibilidade da criação, que flui, e se transforma em vestimentas estranhas, em relevos inesperados, numa geometria realmente fascinante.
Suas roupas não são portanto meras criações para moda ou conseqüência desta; são criações de uma artista que se começa a desenvolver, e resultam em confecções 'sui generis', moderníssimas, onde a personalidade plástica da artista aparece com rigor, exigindo, quem sabe, de quem as veste, uma forte personalidade também. Para apresentá-las um simples desfile não interessa, mas apela-se aqui para o 'happening', o que é no ramo coisa nova; assim, creio eu, poderão ser apreciados dentro de seu 'habitat'. Aliás, no primeiro desfile organizado por Solange numa Feira Industrial, os modelos carregavam caixas, de modo muito original e simbólico; logo após, tais caixas passariam a expressar o contexto estrutural principal dos seus primeiros 'supra-relevos'. Nos próximos desfiles pretende ela desenvolver essa idéia do 'desfile-happening', talvez, quem sabe, contando com a colaboração de outros artistas, criando um ambiente especial onde possam ser valorizadas e apreciadas suas confecções. O mais importante é ter-se em mente que não há desligamento algum entre suas atividades: se numa poder atingir problemas mais profundos e universais (supra-relevos, etc), na outra (confecções de roupas) consegue exercitar de modo livre o principal para um artista criador: a sua disponibilidade criativa, que não é renegada, então, para uma atitude esteticista, mas mantida, renovada, fluindo livre como o sangue no corpo - é o próprio impulso vital indispensável a cada nova obra ao ser ela plasmada objetivamente.

Mário Barata ( 1974 )

Uma arte mediterrânea, de sol e cor, ressurge nas anti-caixas e no artesanato elaborados por Solange Escosteguy. As primeiras fazem ressaltar o vazio de fôrmas do imponderável, abertas e em esperança. Hélio Oiticica batizou-as apropriadamente com o nome em que o 'anti' de moda, no caso, profundo e misterioso, se instala adequadamente ao romper com o volume fechado que caracteriza a essência das caixas. Projeções ou prolongamentos tridimensionais aparecem em algumas peças, enriquecendo a sua visualidade, cuja cor vibrante é um horizonte de Pasárgada : a terra do sonho. Essa cor revive nos 'panneaux', vestidos e almofadas, invadindo o útil com sua beleza, ao mesmo tempo e dialeticamente dionisíaca e apolínea. Uma artista prossegue assim, incansável e delicada, em sua obra - a sua obra.


Alicia Haber ( Uruguai, 1985)

Enfrentado a los cuadros-objeto de Solange Escosteguy el espectador atento descubre una búsqueda constante por vitalizar la geometría con el empleo de la más variadas gamas cromáticas y con la configuración de estructuras no tradicionales. Descubre, asimismo, una exuberancia colorística y una libertad para manejar las formas que son dos constantes de la producción de la artista brasileña. Advierte, finalmente, que esas características formales transmiten una preferencia transmiten una preferencia existencial por el dinamismo, señalan la importancia de la energía y el movimiento en el mundo contemporáneo y aluden a las complejidades y fracturas de la vida moderna.

Maria Luísa Torrens (Uruguai, 1984)

El problema dinámico con el que desafia al espectador, Solange Escosteguy, obliga a una revisión de las coordenadas perceptivas tradicionales y se compensa con la vitalidad cromática, y la brevedad y sensibilidad que susurran sus sutiles transparencias. Hay una propuesta en la última producción de Solange Escosteguy por explorar las nuevas relaciones espacio-temporales que son un desafio para el hombre de fines del S. XX.



Amalia Polleri (Uruguai, 1985)

No le basta a Solange Escosteguy la ruptura sustantiva del soporte. El contenido geométrico desata tensiones que la amazona Escosteguy domina y maneja en amplios planos de color con riendas de lineas de grosores distintos, que se contraen, se superponen y desfasan creando falsos espacios perspectivos. Asimetrías, repeticiones irregulares e invasiones de forma y color, crean focos de singulares entrecruzamientos, cuyo lejanísimo antecedente encontramos en ciertas figuras futuristas de gran dinamismo y, más cerca, en la batalla geométrica que desencadenan algunos concretistas (...)


Celme Fernandes (Brasil, 1994)

Solange Escosteguy faz parte de uma geração que inaugura nas Artes Plásticas o diálogo da arte com o cotidiano, materializando a preocupação de revolucioná-la a partir de uma abrangência maior das chamadas "artes eruditas" ou "clássicas", assimilando outros materiais e suportes, até chegar à exploração artística das possibilidades do próprio corpo, dimensionando a sua linguagem ao mais simples mas também sutil que é o vestir.
Esta arte revolucionária começa a surgir na década de sessenta com o grupo Nova Objetividade, que contou com nomes essenciais para a formação das novas tendências artísticas no Brasil, e entre eles Solange, que tem mostrado sua obra com toda a sua inventiva de linhas, cores, movimentos e luz, pelos quatro cantos do mundo.


Marcus de Lontra (Brasil, 1989)

(...)Influenciada pela saudável convivência com Hélio Oiticica, os relevos de Solange concretizam-se no espaço irregular, na tridimensionalidade, desprezando os limites regulares do quadro. Nesse aspecto, seria importante para se compreender melhor a produção de Solange, a leitura do livro "Aspiro ao Grande Labirinto" de H.O., onde o grande artista e teórico preconiza a morte do quadro como a única salvação possível para a pintura.
Solange, dentro dessa ideologia, cria relevos de belo impacto visual, fazendo com que a obra dialogue com o espaço circundante, recusando qualquer critério representacional. Há , sem dúvida, nela também, alguns referenciais evidentes da pop-art. Creio, entretanto, que as bases reais de sua produção encontram-se nas pesquisas dos anos 50, nos concretistas e neo-concretistas e, indo mais atrás, no suprematismo soviético de Malevitch e no neo-plasticismo do holandês Piet Mondrian. O que a artista persegue é a clareza, a objetividade, estruturando sua obra dentro dos postulados da arte moderna pos-Manet.
Profundamente gráfica, os trabalhos de Solange regem-se pela linha, dentro de um universo da abstração geométrica próxima às pesquisas de Abelardo Zaluar e de Wanda Pimentel. Em sua obra não existe espaço para alegoria, para os investimentos na subjetividade ou na importância temática. Solange cria uma obra que pretende dialogar sobre a própria, e específica, situação do ser da arte no mundo. Ela requer uma situação, uma clareza, uma razão. (...)
Solange orienta e constrói, persegue a clareza. Artista multimídia, ela não se deixa aprisionar pela técnica. Todos os materiais são instrumento de discussão de sua linguagem estética.

Solange Escosteguy (apresentação da exposição Zonas de Silêncio, em Santiago)

Zonas de Silêncio reúne objetos e esculturas feitos nos últimos dois anos. São trabalhos que marcam claramente uma nova fase, centrada no emprego do papel maché e de colagens. A forma, o volume e o movimento se desprendem do papel e se complementam com outros elementos que acrescento, como pedaços de madeira, tecidos, gravuras e fotos. Uma primícia a mais: aparecem referências imediatas ao plano da realidade que nos tangencia, ainda que não se possa falar aqui, de nenhuma forma, de uma conversão ao figurativo.
A cor é ainda o conduto para a exploração da natureza das coisas. Dá o ritmo e a vida das formas dos trabalhos. Não seria talvez difícil reconhecer nas Zonas de Silêncio reflexos das cores da cordilheira dos Andes, da terra e das florestas do Chile.
Mas a diferença fundamental em relação aos trabalhos anteriores não está nas cores, na técnica ou nos materiais. Está no processo criador. Trabalhei essas obras de técnicas mistas sobre o papel maché a partir de observações, de memórias, de fotografias das paisagens e da gente que conheci, perdi e encontrei ao longo da vida. É um processo ao revés. Uma investigação dos sedimentos, dos estratos, das cicatrizes. Um revés do parto.
Talvez isso ajude a explicar também as Zonas de Silêncio. São paisagens, cenas e sensações aprisionadas e silenciosas que o olhar investiga e explora, camada por camada. São memória e esquecimento. Encontro e partida. Um pouco do muito que inspira a contemplação do monumento da cordilheira, das geleiras e do mar. Dessa investigação de si mesmo, de nossa individualidade e das paisagens dentro de nós. Aqui, mais importante que a visão é o olhar.


Hugo Auler (Brasil)

As obras de Solange Escosteguy, compreendidas na arte objetual, colocam em questão o problema da unidade do conteúdo e da forma, a qual, por não ser cartesianamente dicotômica, levou Henri Focillon a ver, com muita propriedade, na obra de arte a capacidade de seu conteúdo formal. (...)
Nessa ordem de idéias hão de ser pois contempladas e compreendidas, lidas e interpretadas as "construções" de Solange Escosteguy, concebidas, organizadas e executadas em formas puras e cores puras, nas quais estão reflexos sígnicos do próprio universo que vive de relações opostas, de criações e destruições. Com efeito, em suas obras de arte objetual, a exemplo do que ocorre com os seus desenhos de pura composição, que nada mais são que plantas-baixas de seus objetos, há a imanência daquelas leis da oposição que comandam a alma individual - uma projeção da alma universal. É a procura da simetria na assimetria; é a perseguição do equilíbrio no desequilíbrio formal. O ponto e o contra-ponto na linha e na cor, que, através da repartição e do equilíbrio das linhas de força, em suas retas e em seus ângulos, estabelecem ritmos formais existentes arquetipicamente no mundo natural. Mas os seus objetos tridimensionais e suas épuras, que são os seus desenhos de pura composição, valem por si mesmos em sua beleza formal, além do conteúdo de certo modo esotérico que se esconde em sua aparência plástico-pictural.(...)
Finalmente, no momento em que se faz tão ausente o domínio do ofício na transposição exterior das manifestações da capacidade artística de criação, Solange Escosteguy dá-nos um eemplo do que deva ser a obra de arte em matéria de conceptualidade estética quando a idéia passa a ter uma adequada e exímia representação ao tornar-se em forma e em cor.


Fernando Moya Escárate (Chile)

En (…) su primera muestra en Chile, la artista presenta una nueva evolución que, como ella misma señala, obedece a su encuentro con el paisaje de nuestro país. Utilizando elementos propios de la tierra, más materiales que ella misma elabora, crea diversos volúmenes a los que incorpora el color mediante la aplicación de pintura acrílica y pigmentos. El resultado es sorprendente, y aunque las formas son claramente abstractas, en ellas es posible reconocer el desierto, la cordillera o el ventisquero.

Mecha Gattás (Uruguay)

La filosofía de Solange Escosteguy está basada en el concepto de que la forma democrática se traslada al arte-moda. Sus vestidos, sus chalinas son entonces obras de arte que pasean por las calles. Como grafitis energizados detienen y absorben las miradas de los transeúntes, los aferra a los colores, los encierra en sus estructuras.
Arte en movimiento, arte que sale de los museos, de las galerías, (…) se libera de un marco y se integra con alegría y humor a lo cotidiano.

Elisa Roubaud (Uruguay)

Las esculturas de Solange Escosteguy resultan una proeza como intervención de la materia. Algunos ejes atraviesan, sostienen cuerpos de papel maché densos, texturados y enriquecidos por el contacto de lijas y manos que van llevando los tonos y las pátinas a esa compleja amalgama de materia y color. Las formas que consigue al equilibrar pasta de papel y fuerza de gravedad se elevan caprichosas en el espacio, o dejan caer el peso engañoso de un material esencialmente liviano, con aparencia de roca, piedra, lava incandescente. Estas obras son la etapa actual de una larga trayectoria que comenzó con objetos realizados en 1967 en la Nueva Objetividad, o en el Desfile Happening que hizo la artista en el Museo de Arte Moderno de Rio de Janeiro, en el mismo año, ambientado en Tropicalia de Helio Oiticica.

Fernando López Lage (Uruguay)

Interferências

Desde 1966 Solange Escosteguy vem produzindo objetos em que a forma e a cor são tópicos que traduzem suas idéias sobre as diferentes interferências no espaço. As peças apresentadas têm um caráter singular, entre o vegetal e o zoomórfico, como que surgidas da natureza ou de paisagens interiores. O corpo poderia ser o causador do movimento das obras. Sua estratégia é a de um escultor: é sempre importante a projeção das sombras, o equilíbrio e a interferência da artista no espaço - neste caso, as paredes da sala de exposição.
Os outros trabalhos que compõem a exposição são tecidos de chiffon de seda pintados com cera, guta e tintas, e têm um caráter mais funcional. Tecidos desenhados para serem exibidos sobre o corpo interagindo com o meio. Solange Escosteguy nunca encontrou a relação entre a indústria da moda e suas peças. Esses tecidos ou os vestidos que faz (em que o desenho geométrico importa mais que o corte) têm vínculos mais antropológicos e também mais artísticos. A autora concebe-os como peças de arte atemporais. Pierre Bordieu diz em "A distinção - critérios e bases sociais do gosto" que "as incessantes transformações da moda são parte da transação objetiva entre, de um lado, a lógica das lutas internas no campo da produção que se organizam segundo a oposição entre o caro e o (relativamente) barato, e entre o clássico e o prático...". Longe dos parâmetros classistas da roupa como objeto exclusivo, de bom gosto, Solange Escosteguy utiliza o corpo de suas eventuais modelos como formas indispensáveis para a engrenagem de seu sistema. Em 1967 realizou um desfile ambientado pela 'Tropicália" de Hélio Oiticica: o sentido de "happening" invadia seus vestidos e a geometria estruturava novamente a roupa-objeto.
O percurso por esta exposição é um caminho por uma zona silenciosa: um impulso vital que se traduz em forma, cor e movimento.

Caio Mourão (Brasil)

Solange,
Conheço esta moça desde os tumultuados anos sessenta do Rio de Janeiro.
Depois alçamos vôo, cada um para o seu lado, mas de vez em quando nos encontrávamos no mundo lá fora.
Continua sonhando e criançando, é uma menina levada que adorava o "lá fora", correr, pular amarelinha, olhar as coisas devagar, pensar nas alturas e no porquê do céu ser azul, e, ainda, tendo o vento como confidente.
Hoje ela brinca com o que faz, com a força e os sonhos e devaneios da garota que ainda é, e transforma seus trabalhos em delírios coloridos e voláteis, que são pandorgas loucas, sem linha, sem rabiola, ou tornando-se rabiolas mesmo, subindo aos saltos para um azul feito de sonhos.
Ascendem e transcendem, eu juro.
Vamos ver, sentir, e quem sabe voar também.

 
A moda e a Arte

A moda é um conjunto de regras que vão e vêm, e podem ser determinantes do comportamento do homem. A arte é outra coisa. É um estado de espírito. Para a arte não há tempo. A indumentária serve em seu aspecto funcional, para cobrir o corpo. Numa análise mais atenta, vemos que sua verdadeira motivação é comunicativa e social e que, sobretudo, interpreta as regras que determinam as modificações do vestir como um signo de um tempo específico. A arte nas roupas, nos adornos, é uma manifestação de um estado de espírito. Que outra razão existirá para que os indígenas pintem em seus corpos suas alegrias, suas tristezas, seus gritos de guerra? A arte vestida cresce quando ela é vivida, quando se completa no movimento do corpo, quando assume e amplia a expressão humana. Por isso me sinto um alquimista, dando cores e formas aos que lhe dão sua alma e vida.


Solange Escosteguy

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